Politologia GEF 5.3
Axiologia cultural
Geert Hofstede, Ronald Inglehart e Shalom Schwartz são figuras marcantes da análise empírica de valores por meio de inquéritos À opinião pública À escala global, cada qual tendo debatido o tema sob diferentes ângulos contribuindo para a chamada axiologia cultural
Geert Hofstede, consultor holandês da IBM encarou os valores na perspetiva da gestão, publicando "Culture's Consequences" em 1980.
Shalom Schwartz é um psicólogo social israelense da Universidade Hebraica de Jerusalem que publicou mais de 200 artigos e capítulos de livros.
Ronald Inglehart foi um professor de ciência política na Universidade de Michigan e líder do grupo World Values Survey, que contribuiu com o
Mapa Cultural Mundial e respetivos fundamentos teóricos e empíricos.
Ao acompanhar o pensamento desses três autores, podemos traçar a influência mútua das suas ideias no trabalho de cada um. Um fio condutor é o uso intensivo de inquéritos à escala global sobre as construções culturais de diferentes nações. Têm em comum procurar as dimensões-chave ou eixos de valor em torno dos quais giram as culturas. Na visão de Hofstede, a cultura existe dentro das pessoas, como software da mente. Para Schwartz, inversamente, a cultura existe fora do espaço mental de cada um e é mensurável por meio das manifestações: histórias infantis, provérbios, filmes, literatura, costumes e afins. Hofstede propõe que os valores morais podem ser analisados ao longo de quatro eixos ou dimensões separadas (), Inglehart propõe dois eixos e Schwartz propõe três.
As nações são unidades significativas para analisar a cultura ? A escola do WSV - de Inglehart e Welzel - argumenta que a cultura é, por definição, um fenómeno de coletividades e o foco nas diferenças individuais contradiz o próprio conceito de cultura.
Através da “agregação”, é possível eliminar o ruído aleatório e a variação arbitrária nos dados recolhidos sobre o nível individual, e apurar as tendências culturais maioritárias de cada nação. A cultura nacional apresenta-se como um campo gravitacional que socializa os indivíduos numa órbita central de cada nação. Os indivíduos estão expostos a outras forças gravitacionais - culturas regionais e tendências internacionais - articuladas com a cultura nacional.
Usando dados da Pesquisa de Valores Mundiais, os valores individuais agrupam-se em círculos concêntricos em torno do centro de gravidade cultural de cada nação. A agregação demonstra que as nações captam a maior parte da variação nos valores culturais individuais agregados. Os agregados sociais alternativos, como grupos étnicos, linguísticos e religiosos, e diversas categorias sociodemográficas, pouco acrescentam à agregada pelas nações.
World Values Survey
Os cientistas políticos Ronald Inglehart, Universidade de Michigan, e Christian Welzel, Universidade Luephana, Alemanha, coordenam as equipas que permitiram traçar um "mapa cultural do mundo" com dados derivados da World Values Survey (WVS), a maior "investigação internacional, já executada sem fins de lucro, de séries temporais de crenças e valores humanos ".
iniciada em 1981 e que em 2020 já inclui quase 400.000 entrevistados de 100 países
No eixo y, SECULARIZAÇÃO, os valores tradicionais enfatizam a importância da religião, das relações entre pais e filhos e autoridade, de acordo com a WVS. Quem os adota tende a rejeitar divórcio, aborto, eutanásia e suicídio. Essas sociedades com níveis elevados de nacionalismo e orgulho nacional. Nos EUA, tais valores alinham-se em parte com ideologias conservadoras. Em oposição, os valores seculares-racionais a relacionar-se com modos de pensar liberais.
No eixo x, EMANCIPAÇÃO - os valores de sobrevivência referem-se a segurança, económica e de vida, e estão ligados a baixos níveis de confiança e tolerância. Por outro lado, os valores de auto-expressão, dão prioridade elevada à proteção do meio ambiente, promoção da igualdade de género e tolerância a estrangeiros.
Estratos e Unidades - (Welzel)
https://www.scrs.se/world-values-survey
The Swedish Center for Russian Studies is an advisory dedicated to understanding Russian thinking and the developments in Eastern Europe
Nações segundo a religião
NOTA ET CAVEAT
Este mapa destaca as relações entre os países por religião, na medida em que pessoas com a mesma religião têm valores semelhantes. Com exceções. Por exemplo, os países protestantes na África têm valores mais próximos dos vizinhos muçulmanos do que os protestantes europeus.
Na maioria dos países, há uma maioria de uma religião específica mas nem sempre. Assim, o país é designado de acordo com a religião mais seguida. O cristianismo aparece dividido entre católicos, protestantes e ortodoxos. Outra dificuldade é a declaração de identidade religiosa em países mais secularizados. Muitos em países protestantes declaram-se não religiosos. Se a religião é vista como uma relação com Deus, os resultados do mapa são correto.s Mas se a religião for vista como identidade cultural, a imagem é um tanto distorcida. As fontes usadas para pertença religiosa foram principalmente os censos nacionais, o PEW Research Center e o CIA World Factbook.
Nações segundo a riqueza
NOTA ET CAVEAT
Os países são agrupados de acordo com a riqueza económica na forma de PIB per capita medido em ppp (paridade do poder de compra) a fim de comparar a situação econômica pessoal. Foram escolhidas três categorias: alta, média e baixa renda. Outras categorias resultariam em mapas muito incoerentes; muitos “braços” e “ilhas”. São escolhidas as divisões de 10.500 USD por pessoa e 37.000 USD por pessoa) com base no resultado do menor número possível de “braços e ilhas”. Os dados são derivados do FMI na estimativa do PIB per capita para 2020.
Nações segundo o sistema político
NOTA ET CAVEAT
Os países são agrupados de acordo com o sistema político. O grau de democracia é medido pela Economist Intelligence Unit (EIU) todos os anos desde 2000, usando cinco categorias: 1. Processo eleitoral e pluralismo, 2. Funcionamento do governo, 3. Participação política , 4. Cultura política democrática, e 5. Liberdades civis.
Cada categoria contém de 9 a 17 itens que são analisadas em cada país.
O resultado foi publicado no Relatório da EIU “Índice de Democracia 2020: Na doença e na saúde” no início de 2021.
Aqui aprresentam-se três tipos de sistema político: democracia, semidemocracia e autoriarismo. Outras categorizações provocariam mapas muito incoerentes; muitos “braços” e “ilhas” em cada nível da democracia. Assim as divisões entre as três categorias (7.5 e 5.25) foram escolhidas segundo o critério do menor número possível de “braços e ilhas”.
Valores pós-materialistas
ESTUDOS NACIONAIS
TURKEY - Notes on a Foreign Country: An American Abroad in a Post-American World - Susan Hansen
"No final do meu primeiro ano no estrangeiro, já lia os jornais americanos de maneira diferente. Via como eram alienantes para os estrangeiros, falavam sempre a partir de uma posição de poder americano, tratando os países estrangeiros como se fossem filhos malcomportados da América. Ouvia meus compatriotas com ouvidos críticos: a maneira como os nossos debates sobre política externa desde 11 de setembro ficaram colados com palavras oficiosas e oficiais, linguagem militar corporativa burocrática: danos colaterais, ameaça iminente, liberdade, liberdade, liberdade.
Mesmo assim, estava consciente de que se tivesse sucumbido há muito tempo à patologia do nacionalismo americano, não o saberia – mesmo que entendesse a história de injustiça na América, mesmo que fosse contra invasão do Iraque. Era uma americana branca. Ainda tinha essa fé fundamental no meu país de uma forma que, de repente, em comparação com os turcos, me fez sentir imatura e ingênua.
Percebi que uma comunidade de ativistas e intelectuais na Turquia – liberais – questionavam o que “ser turco” significava . Muitos sofreram a lavagem cerebral nas escolas sobre a sua própria história; Atatürk, o primeiro presidente da Turquia; a suposta maldade dos arménios, curdos e árabes; a fragilidade das fronteiras e a ganância dos forasteiros; a bondade histórica e eterna da república turca.
“É diferente nos Estados Unidos”, disse uma vez, não percebendo o que dizia até as palavras aparecerecem. Nunca tinha pensado nisso. “Disseram-nos que é o melhor país do mundo. O facto é que nunca vamos reconsiderar essa narrativa, porque para nós isso não é propaganda, é verdade. E para nós, isso não é nacionalismo, é patriotismo. E nunca questionaremos nada porque, ao mesmo tempo, tudo o que nos dizem é que somos livres de pensar, que somos livres. Portanto, não sabemos se há algo de errado em acreditar que o nosso país é o melhor do mundo. Fica tudo convencido que a consciência coletiva no mundo chegou a essa conclusão.”
Suzy Hansen is an author and a contributing writer at The New York Times Magazine. Based in Turkey, she combined reportage, memoir, and history to write Notes on a Foreign Country: An American Abroad in a Post-American World, her award-winning non-fiction book about her first ten years in the Middle East that was a 2018 finalist for the Pulitzer Prize. Since 2000 her work has appeared in a host of major national magazines, including The New Republic, Vogue, and National Geographic. In 2020, she was a practitioner-in-residence at NYU’s Kevorkian Center for Near Eastern Studies, a Ferris Professor of Journalism at Princeton University, and an Arizona State University Future Security Fellow at New America. In 2007, she was awarded a two-year fellowship from the Institute of Current World Affairs to live in and write about Turkey.
CHINA
Até ao século XIV, a China tinha mais inovações tecnológicas e avanços do que a Europa ou o mundo islâmico. Descobriram ou desenvolveram
sistemas de irrigação, comportas, ferro fundido, perfuração profunda, pólvora, bússola, papel, porcelana, imprensa e outras invenções (Diamond, 1997,
pág. 253). OS conhecimentos em navegação, a tecnologia de ponta da época, era o mais avançado que havia, assim como a construção naval. O estabelecimento de uma rota marítima tinha começado já no século 2 aC, e por volta do século XII os chineses tinham uma marinha permanente. É notável que durante um período de 25 anos de 1405 em diante, fizeram sete grandes viagens para a Indonésia e Índia e África (Landes, 1998, pág. 93).
Mas a China não descobriu a América nem conquistou o mundo. Esta falha deveu-se a uma decisão de política interna supostamente fundada em uma interpretação dos Analectos de Confúcio: fechar o Império Celestial ao mundo dos bárbaros. Em 1500 foi decretada a pena de morte para quem construisse navios com mais de dois mastros. Em 1525 as frotas existentes foram destruídas. E em 1551 tornou-se crime navegar pelos mares, mesmo para
finalidade do comércio (Landes, 1998, p. 90). O sucesso indiscutível de clausura da China, e a consequente decisão de se isolar, explica o início de período de decadência. Deixou o mar aberto aos Ocidentais: primeiro Portugal, depois Espanha, seguidaospela Holanda e Inglaterra.
O comércio por terra entre a China e o Ocidente existia há séculos. A estrada da seda data do século III aC e beneficiou a Índia, Pérsia, Arábia, Egito,
e Roma. As inovações chinesas foram tão benéficas que se espalharam e foram adotadas em todo o mundo antigo.
A semelhança no nível de desenvolvimento entre diferentes civilizações através da Eurásia continuou desde o século I ao século XIV. Renda per capita na China no século 10 era cerca de 10% maior do que no Ocidente (Maddison, 2006, pág. 44),
Mas a partir do século XVI a Europa entrou em um frenesim de crescimento da renda até então desconhecido na história mundial. Decolou com a tecnologia, alicerçada em ideias.
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