4. Metafísica - Do que há

Atenas e Jerusalém tiveram metafísicas profundamente diferentes.

Atenas

O Deus do puro ser - o legado de Platão e Aristóteles - é remoto mas deles derivam as provas filosóficas da existência de Deus derivam.

Para o Judaísmo, somos simultaneamente humanos e divinos, poeira da Terra ainda respirando a Imagem de Deus.

O Cristianismo supera a distância entre Atenas e Jerusalém, através do homodeus, o Filho de Deus, figura sem contrapartida, pessoa que é humana e divina.

Foi uma criação maravilhosa - e muito grego A lei natural veio dos estóicos. A ideia de que os propósitos são inerentes à criação - que a natureza é teleológica - era aristotélica. 


A disciplina de teologia e, portanto, o edifício intelectual da civilização ocidental entre o século IV e o séculos XVII foi uma conquista maravilhosa, que reuniu o amor judaico de Deus e o amor helenístico pela natureza e pela razão humana, criando provas filosóficas da existência de Deus. Combinava a racionalidade do cérebro esquerdo com a espiritualidade do cérebro direito em uma estrutura única, gloriosa e abrangente. 

 

Havia o argumento cosmológico : o universo deve ter uma causa que não é causada.

Ou a contingência do ser deve estar enraizada no ser necessário. As estrelas em movimento devem ter um movimento imóvel. havia o
argumento ontológico: o ser mais perfeito deve necessariamente existir visto que de outra forma seria imperfeito.

 

O argumento de Projeto. Como disse Cícero- Se vemos um relógio de sol ou um relógio de água, vemos que calcula o tempo por design e não por acaso; como então imaginar que o universo é desprovido de propósito e inteligência, quando abrange tudo, incluindo estes artefatos?


O argumento da lei natural. A contemplação da natureza diz-nos como comportar-nos de forma a nos alinharmos com a ordem do universo. Isso nos leva a cultivar a virtude, buscar a justiça e ter preocupação com o bem comum.

 

A teologia natural. Os propósitos divinos podem ser lidos na criação, pois Deus escreveu dois livros, um em palavras chamadas de Bíblia, a outra em obras chamadas de universo. Hugo de São Vitor no século XII,Francis Bacon no décimo sétimo, inaugurando a era da ciência.11

As descobertas científicas não abalam a cosmovisão religiosa da Bíblia.

Os gregos viam a Terra como o centro das esferas celestes. Era Aristóteles que via os propósitos como causas. Foi Cícero quem formulou
o argumento do design. Foram os filósofos atenienses que acreditava que existem provas filosóficas para a existência de Deus.

A Bíblia Hebraica  Os céus proclamam a glória de Deus; não provam a existência de Deus. Tudo o que respira louva o Criador; não fornece material para a verificação de um Criador. Na Bíblia, as pessoas falam com Deus, não sobre Deus. A palavra hebraica da'at, não significa conhecimento no sentido grego, mas antes relacionamento, e intimidade. Na Bíblia, Deus transcende a natureza, como fazemos sempre que exercemos a liberdade. No Hebraico, a palavra para universo, olam, relaciona-se com palavra ‘escondido’, ne’elam. Deus está presente na natureza, mas de modo oculto.

 

Assim, o abalo das fundações que ocorreu entre os séculos XVII e XIX  minou a tradição racionalista grega, e não a própria base judaica da fé; esta, embora respeitando e honrando a ciência como forma de sabedoria divina, nunca se aliou a uma tradição científica particular e distanciou-se de certos aspetos da cultura grega.

A base original do monoteísmo abraâmico permanece, qualquer que seja o estado da ciência. O conhecimento religioso como entendido pela Bíblia Hebraica não deve ser interpretado no modelo da filosofia e da ciência, atividades do cérebro esquerdo. Deus deve ser encontrado no relacionamento e nos significados que construímos quando, fora da nossa experiência da presença de Deus em nossas vidas, criamos laços de lealdade e responsabilidade mútua.
As pessoas buscaram na vida religiosa o tipo de certeza de que pertence à filosofia e à ciência. Mas não pode ser encontrado.
Entre Deus e o homem existe lealdade moral, não científica certeza.

O sono difere da vigília pelo facto de que, quando estamos acordados, tudo se dirige, ao menos implicitamente, para um fim último. Mas no sonho não há relação com a totalidade das coisas. Por isso acordar não é senão relembrar-se (recolligere) de si mesmo e pensar assim: dic cur hic; diz porque estás aqui, sich besinnen.

Fragmento sobre os sonhos In Loemker, 114

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